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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os Ruídos do Silêncio

Wellington Menezes surpreendeu o mundo, assustou com requinte, dilacerou vidas que foram e as vidas que ficaram.Assustou quem estava na escola de Realengo e os que nunca estiveram por lá. Silencioso durante toda a vida de estudante cresceu e se tornou um silencioso vizinho, silencioso filho,um silencioso sempre. Wellington causou todo o tipo de sentimento ao fazer barulho, talvez seu primeiro barulho. Rompeu com um código de ética sagrado sobre o lugar seguro e respeitado, o espaço escolar. Lugar de infância e juventude. Entre tantas atrocidades, ele foi original, pessimamente original na sua escolha pela escola.Não tinha essa prática toda como comentam, sobre o uso das armas. Tinha os recursos potentes, mas dos 100 tiros acertou "apenas"10. Não foi um sucesso de mira. Mas, fez bem mais do que precisava, fez bem mais do que mereciamos e muito mais do que podemos ouvir.Agora muitos estão dedicados a entender Wellington. Não dá pra entender o que não dá pra explicar. Wellington é mais um enigma da humanidade. Com toda a dor e lamento, que sinto e sinto muito, está minha atenção para o silêncio que ele a vida toda gritou. Welligton foi "bom"aluno, silencioso e quieto.O aluno do tipo eu não te ligo e tu não me telefona. Assim, estamos quites! Sabe-se nada dos seus desejos, dos seus medos, dos seus ódios, das suas dores. Sabe-se apenas que odiamos ele e que ele também nos odiava e muito. Wellignton não se explica, então não explicamos Wellington, mas lamentamos, é o que resta, por enquanto. O alerta sobre o silêncio é o que se anuncia em bem alta intensidade. Há alguns anos, entre outros casos iguais e desconhecidos, aconteceu em Porto Alegre, a morte suicida de um outro bom porque silencioso aluno.(http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81603-6014-508-1,00.html) Yonlu era inteligente, dedicado à música, bom colega, bom aluno e cheio de silêncios. Passava desapercebido. Exigiram dele, algumas vezes, uma adesão ao grupo. Ofereceram um formato único para que ele rompesse o silêncio. O formato era a receita do óbvio, aquele que a maioria de nós assume, sem muitas questões. Yonlu não suportou. Rompeu o silêncio com fogo, diante da WEB, acertou sua mira. Especulando aqui estou! Wellington e Yonlu seres silenciosos encontraram a escuta que nunca pediram com som. Um encontrou pelos dedicados participantes instrutores do site suicidio.com outro, imagino que pelos não menos dedicados, instrutores do terrorismo.com. Yonlu seguiu uma receita de como se matar rapidamente e sem dor. A WWW o ensinou. Wellington aprendeu a matar como forma de limpar o mundo, na WWW, também tinha os dados e os fatos, a receita do que queria, para acalmar seu tormento silencioso. Este é o caminho das pedras e mais que tudo a disponibilização sem exigir a reciprocidade. O silêncio é sintoma. Ensimesmados não são pacatos cidadãos. O padrão do quieto, do silencioso, equivocadamente é entendido como aquele que nada tem a dizer, então nada se pergunta. Os silenciosos explodem, um dia, fazem de uma só vez o barulho que não souberam fazer a vida inteira. O alerta é: olhe pra quem está escondido no silêncio profundo, invada esse espaço sem pedir licença, quando o caso não for o da meditação. Faça isso por eles, faça por você e faça pelos outros. O ruido do silêncio constante, quando explode, ninguém nunca estará preparado para ouvir

Um comentário:

Rick disse...

Não posso deixar de apontar em letras minha observação. Gosto de ler blogs. Estes de bom gosto e boa escrita,mas...
Quem escreve bem, ama errado. Sei por mim.
Saudações!