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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tudo bem? Nem eu!

Faz um tempinho que não escrevo por aqui. Preciso de motivos intensos pra blogar. Intensos não são suficientes, devem ser ou parecer,intensamente coletivos. Não uso o blog de um modo tão pessoal-individual e desconfio que de tanta gente usar, de uma forma que considero, esquisitamente pessoal seus blogs pessoais, surgiu o tal do Twiter. Foi uma demanda do cyber mercado que essa gente da net, sempre muito ligada, percebeu a latente vontade popular de contar que fez xixi e comeu feijão! A gente ligada inventou o Twiter. Não tenho um e acho que será uma das coisas que não irei aderir na net, mas já acompanho alguns, porque tem quem saiba ser sensacional contando trivialidades que não me interessam. Meu texto de hoje, igual a todos os que digitei aqui, trata da minha vivência, mas com o filtro do coletivo. O filtro é simples, é a tal da coisa, todo mundo passa por isso. E, o que se passou foi um dia daqueles que você rebola na cama, porque quer ficar ali e nem posição consegue achar. Dia desanimado, sem muita vontade pro movimento, seja qual for o movimento, inclusive o de achar posição na cama. Vontade só se for pra visitar um mosteiro.Dia do não falem comigo, não me olhem, eu sou apenas um holograma. Dia que você não quer encontrar com ninguém, nem com o Raji desnudo, piscando pra você e sacudindo a cabeça como uma Naja.Nenhuma das cabeças de Raji me animariam. Sim, sim isso prova minha ausência de libido, de energia.Falta força até pro mal humor, é um vazio e como o vazio é sempre muito complexo, isso também é complexo e inexplicável. Não há motivos externos, graças a DEOS! Nem há motivos. Eles estão absolutamente vazios e continuam complexos. Apesar disso a vida segue e como disse Cazuza, o tempo não para, num dia em que esse "para" ainda tinha acento. Levei a doce e bela filha na escola, fui ao supermercado (esse é o jeito estranhamente pessoal que comentei no início) e fiz tudo torcendo pra não ser encontrada e absolutamente certa que eu não encontraria ninguém, porque não olharia para o lado e se enxergasse, bem na minha frente, desviaria o olhar. Minha cara é a de quem não acordou, porque não dormiu. Óculos escuros. Eis a senha! Eis a mensagem que revelo aqui, mesmo preferindo acreditar que ela é óbvia. O óbvio deve ser explicado e deve mesmo! Quando encontramos alguém de óculos escuros, dentro de recintos fechados, há apenas duas alternativas e ambas solicitam uma mesma reação de você. Alternativa um: a pessoa chorou e/ou não dormiu e/ou não quer enxergar e nem ser enxergada, porque não dormiu ou porque chorou e nisso tudo você está incluido. Você por acaso não é o Raji, né? Alternativa dois: a pessoa está com conjutivite. Em ambos os casos a mensagem é a mesma e a reação esperada também: não se aproxime,não avance.Tudo pode ser contagioso. Evidentemente, que me encontraram. Evidentemente, a pessoa nem sequer reparou meus óculos escuros. Saltou entre as batatas e me agarrou. Feeeeee! Que saaauuuuudaaaaadeeeeeee!!! Como tu tá? Não estou! Pensei. Mas era ao vivo, não foi o celular, nem o msn, nem o e-mail, nem o orkut...não tinha nada me protegendo, estavamos ao vivo entre batatas no supermercado. Pensei em jogar algumas nela. Pensei em "mimicar"mostrando que estava sem voz. Pensei em sair correndo. Porém, tive que responder o invariável e tantas vezes pouco verdadeiro, "Tudo bem"! Tentei a estratégia de responder apenas o que ela me perguntava. Pra quem me conhece sabe que isso é praticamente impossible! Essa atitude somada ao meus óculos escuros, saia à francesa, nem me dê tchau! Apesar das evidências a pessoa dançava animadamente a Tarantella diante de mim. É assim que eu a via.Dançando Tarantella no balcão das batatas. Por um brevissimo instante questionei internamente, quantas vezes fui assim, tão odiosamente inconveniente. Hoje fui gélida e antipática. Ela certamente sairá por aí divulgando que estou numa pior e o que é pior, é a certeza de que ela não precisava ter saído com essa impressão, não precisava ter sentido o meu vazio se tivesse recolhido o seu calor humano. Terrivel, né? Dispensar calor humano de gente saudosa! Terrível mesmo! Mas,aprenda, se é que ainda não sabe, não use garfo quando o dia é de sopa. Todo mundo e o mundo inteiro tem dias de sopa, rala e insossa. Parece-me tão perceptível, tão cheio de sinais e tão possível de respeitar. Por que insistir na cordialidade social, quando o outro alguém não está a fim? Seu oi, piora significativamente esses momentos, porque exige de mim o que não tenho pra lhe dar. Está vazio, lembra? Então,não encha! Amanhã será outro dia e se você não estiver de óculos escuros em recintos fechados, talvez eu queira lhe abraçar, lhe beijar, viver de rir, receber o seu oi, o seu afago, talvez tenha montes deles pra lhe dar também, mas sua disponibilidade regula minha liberdade em lhe ter pra mim. Seu olhar me diz tudo. Osvaldo Montenegro, tem uma música que não lembro qual é e não consultarei o oráculo, para parecer que sei...mas lembro da frase de efeito, real e cabível pra tantas das variações humanas "pra sempre não é todo dia". Serei sua amiga pra sempre, mas pra sempre não inclui esse dia.

2 comentários:

Márcia Lima disse...

Escreves com a sensibilidade da tua alma!!! Por isso, tens a obrigação de compartilhar tua arte com todos! Tenho certeza que teu sucesso sera tanto quanto o da nossa querida M.M.. Adorei teu texto. E vamos logo editar o primeiro livro!

Anônimo disse...

spetacolooooooooooooooooooooooo... adorei minha amada antipática,hehehehehe...love you always