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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Um convite ao UIVO!

Há poucos dias tive uma crise. Pra ser precisa, se é que precisa, foi exatamente antes de ante ontem. Um dia num passado recente. A crise! Por algumas muitas vezes, escutei as histórias das crises femininas que acontecem no ingresso dos quarenta anos. Sempre achei uma bestialidade, mas mantive certa dose de expectativas, esperando a minha. Você, assim como eu, deve ter escutado sobre a idade da loba. Mulheres que saem por aí, uivando pra lua! Interpretei essa metáfora como tendo boa dose de conotação sexual. Aliás, sempre percebo alguma conotação sexual em quase tudo e particularmente adoro as das metáforas, as das analogias e as dos trocadilhos. Mas, pra minha decepção, descobri que não! Não tem nada de sexual, nem de sensual, na manifestação real da idade da loba. Ao menos não na minha, que se apresentou com uma insônia, de um tipo que nunca sonhei, me acompanhando por cinco noites consecutivas e me deixando como um zumbi à beira da psicose. Prevendo o que estaria por acontecer - me enxerguei uivando pra lua - e talvez porque fosse dia, decidi procurar um médico.Mas, não é esse o foco desta postagem, se fosse seria muito chato...médicos, insônia...que baixo astral! Quero é tratar das mulheres de quarenta anos que conheço. Que alto astral! As de pouco menos de quarenta, as com um pouco mais de quarenta e também aquelas que se agarraram, de uma maneira tal, ao tal dos quarenta, que ficaram travadas nele. Imagino que nunca saberemos suas idades reais. Nem velas numéricas elas usam. As velas são eventos à parte nesses aniversários em que não podemos comentar a idade e ampliaram considerávelmente o tempo destinado ao momento parabéns.O momento parabéns sempre apresentou um repertório musical respeitável, composto pelo "parabéns à você tradicional", mais o "parabéns pra você versão gaúcha" ( acho que os gaúchos são os únicos possuidores de uma versão particular para o parabéns à você e deve ter sido criado pelos dedicados ao movimento separatista, no intuito de assegurar o rompimento absoluto com tudo e todos que não fazem parte da cutura gaúcha! Povo etnocêntrico, tchê!) e por fim, a música "Solte suas Feras", das Frenéticas! Com o advento das velas não numéricas, o que ocorre é que além de toda a cantoria, ainda ficamos admiradas com a evolução da vela. As velas também cantam ou tocam. De todas as que vi, a que mais me encantou, foi uma réplica da flor de Lótus. Acende-se e as pétalas começam a se abrir e tocar, bem alto, o "parabéns pra você tradicional" e pra completar o show, ainda surgem faíscas em forma de estrelinhas. Daí, continua tocando, tocando e tocando, bem alto e bem alto e começa a parecer ainda mais alto, até que alguém perde o humor e a admiração pela tal da vela, e sem pensar muito como, arranca o rabinho que silencia a flor de Lótus, pra sempre. As metáforas! Por tudo isso, é que quando nos damos conta, estamos ali perplexas diante da vela, e nem sequer lembramos da idade da aniversariante. Muitas vezes nem lembramos da aniversariante, só queremos saber das suas velas, essas ótimas aliadas pra desviar as atenções. Mas, velas à parte, as mulheres de quarenta ou nesses arredores, as que conheço e considero, são magníficas! Inclusive eu! O discurso sobre os quarenta não mudou teóricamente, mas a ação nele, mudou completamente. Mulheres de quarenta estão aptas a recomeçar, a ter filhos, a fazer novos cursos, a renovar o estilo, a encontrar novos amores, enfim uma disposição pra tudo o que já fizeram antes, porém com um novo olhar ou fazer aquilo que nunca fizeram, mas provavelmente sonharam em fazer. Apesar, de tantos encantos há a insônia! Todas me confessaram, que sofreram com ela e reciosas do fiasco do uivo, assim como eu, preferiram às bolinhas. Bolinhas branquinhas, as únicas capazes de derrubar uma quarentona. Quando contei da minha insônia, achando que estava completamente doente emocional, elas, todas juntas, se confessaram. Foi lindo de ver! As mais atléticas, as mais tranqüilas, as mais doidinhas, as mais responsáveis, todas são amigas das bolinhas. Isso me aliviou até certo ponto, mas me preocupou em outros. Li um texto do George Callin, com o título "a viagem" em que ele trata das idades. Muito interessante a reflexão que o autor faz e também a que dispara na cabeça da gente. Callin comenta da vontade que temos de crescer, quando crianças. E isso, fica evidente dentre outras coisas, na forma como a criança apresenta a sua idade. Algo assim: Quantos anos você tem, menino? Tenho seis e meio. Uma fase, na qual as idades são contadas em frações e os aniversários têm velas numéricas ou velinhas em quantidade sobre o bolo, pra fazer bastante foguinho e pra representar o máximo possível naquele momento! Na adolescência desfreamos até no quesito idades. É verdade! Quando perguntamos ao adolê, quantos anos tem, normalmente ele já salta pra idade seguinte e categórico diz: "vou fazer dezesseis". Os vinte e um parece a glória, é o pódium das idades. Depois dele, a intenção de disparar a idade, desacelera. Como a minha avó não cansava de me dizer... aproveita, passa rápido, quando abrir os olhos, em uma piscada, PUF, passou o tempo! Realmente. Chegamos aos trinta, aos quarenta e creio que nas demais idades muito rápido...do jeito acelerado que desejamos um dia! Agora, na tentativa de desacelerar, abandonamos as velas numéricas, abandonamos as idades fracionadas e jamais apresentaríamos a nossa idade atual com a idade seguinte. Penso sobre isso. Penso sobre idade e sobre o que representa esse valor numérico em termos de vida. Estou predisposta a escrever uma lista com quarenta coisas muito boas que eu fiz até agora e que me fizeram plenamente feliz. E penso, será a insônia uma vontade de viver ? Uma vontade de agarrar o tempo, sem perder nada dele, graças a essa certeza adquirida de que ele passa rápido demais? Talvez isso explique as insônias, que parecem um prognóstico de vida depois dos "enta". Mesmo cheias de vida, de vontade e de coragem de renovar, ou simplesmente continuar fazendo o mesmo com um novo jeito, ou ainda, do mesmo jeito, a insônia tem feito parceria com muitas de nós. Callin encerra seu texto convidando a abandonar todos os números. Os do peso, os da idade, os das dívidas...que se danem os nós! Boa tentativa essa!Colocarei em prática e começarei abandonando os minutos do relógio, que quando bate a insônia é a primeira coisa que faço. Às superestimuladas, minhas amigas, proponho o seguinte ... abandonemos os números, não falaremos mais disso e se, ainda assim, a insônia persistir, sairemos numa madrugada e acordaremos o mundo inteiro com o nosso uivo pra lua! Soltaremos todas as nossas feras, que tantas vezes já prometemos cantando! Talvez seja isso o que deveríamos fazer pra depois dormir bem em paz!
A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando: 'PUTA MERDA, QUE VIAGEM! Viva simplesmente, ame generosamente, importe-se profundamente, fale gentilemente e DEIXE O RESTO PARA DEUS. ( Callin)
Psiu:. Dentre as minhas amigas queridas, existe uma, que por ser muito especial na minha vida, não posso deixar de tratar dela, a única que sei, que dorme enquanto respira. Caso ela tome uma bolinha, acho que nunca mais abre os olhos. E isso, é dela desde sempre! Lembro como brigamos graças à maneira romântica que eu a acordava, quando (sempre) ela dormia, enquanto eu falava. E isso, acontecia enquanto nossas velas eram entre 15 e 18. Ela diz que continua assim...dorminhoca! Mas, se acontecer o enconro do uivo, garanto ela irá junto e ficará bem acordada!

2 comentários:

Anônimo disse...

Início de quarta-feira, madrugada, fiel acompanhante do blog, me deparo com este texto, após a virada do ano.
Me identifiquei como uma das amigas citadas...mulher dos 40 e crises de insônia.
Olhei para a estante de livros e encontrei um em especial, que fala sobre o tema: Mulher 40 Graus à Sombra.
Bom, esta noite não terei insônia, vou reler o livro e voltarei postando, não só as reflexões lidas, mas também " Qual o significado disto tudo pra quem já tem uma história, um passado a ser redimencionado, o futuro mais curto? " como convidam as autoras.
Breve..assim que estiver de férias!

Sinue disse...

Sensacional,se não fosse teu novo vício,das bolinhas!
vc é magnífica..te adoro e admiro amiga de longa dataaaaa.conte comigo para suas insônias agora que estou do outro lado do mundo e nosso fuso combina melhor,hehehehe
beijão..apaixonei e seguireiiiiiiiiiiiii