Você conhece o Murphy? O Edward Murphy? O cara que inspirou a Lei? Isso!!! A lei que decreta que se existe uma possibilidade remota - mais que remota - em números acho que seria representada pelo 0,00000001% da sua, da minha, da nossa empreitada não dar certo... ela não dá certo! É por causa dessa Lei. Mas anime-se com a certeza de que o Murphy não tem com você, a mesma intimidade que tem comigo. Outro dia, tive a confirmação de que o cara foi meu marido em outra vida e decidiu me acompanhar em todas as que eu viver. Já bloguei alguns indícios que me levaram a essa constatação no texto sobre o dia da cirurgia do manguito rotator, que por acaso foi o dia do meu aniversário de quarenta anos, e mais por acaso ainda, o mesmo dia do vencimento da minha carteira de motorista. Bem, fui renovar a carteira de motorista, afinal nunca precisei tanto dela como ultimamente. Sou a única motorista da casa. Escolhi o dia mais quente da semana que passou. Fui eu e o manguito rotator,coitado, na falta de alternativas pra um programa melhor ou condições pra qualquer outro programa, só lhe resta passear comigo no asfalto quente pra fazer visita ao DETRAN. A previsão era de que seria um processo simples e rápido.Eu li no site. Entrega a documentação, escolhe fazer prova ou aulas... depois, faz a prova ou assite às aulas... e processo findado a carteira está renovada. Seria isso se eu não tivesse sido a pior esposa do mundo para o Murphy em alguma vida passada. Cheguei ao DETRAN e fui "tri" bem atendida. Sério! Uma moça sorridente, animada e simpática me recebeu. Tudo me levava a acreditar que seria mais simples do que do jeito que o site explicava. A moça simpática começou a digitar meus dados num desses programas de cadastramento e eu, como costumo fazer por pura mania, fiquei meio dependurada no balcão olhando o que ela digitava. Digitava devagar, meio atrapalhadinha. Talvez por isso mesmo fosse tão simpática, quem sabe estava iniciando no serviço, pouca experiência em digitação,mas com sorrisos e humor sobrando pra distribuir. Ou ainda quem sabe, reconhecendo sua falha enquanto digitadora, compensasse com uma simpatia estampada. Vá lá. Tudo estava indo bem, até que a digitação foi concluida e "tchan"! Sinal de alerta na tela! O que é isso? O seu CPF tem outro portador. Imediatamente eu pensei "digitou errado". Como estávamos numa de relação cordial do mundo civilizado, solicitei a ela a gentileza de conferir o número do CPF. Tarefa que prontamente decidi participar. Peguei meu CPF - MEU - e fui ditando cada número pra que fossem comparados com os da digitação. Estavam todos lá e em seus devidos lugares! AFF! Então, ela me pediu alguns minutos pra fazer uma busca e descobrir quem era o outro portador do CPF, tipo assim, um tempo pra confirmar a existência de um "outro eu" que "não sou eu" ou talvez, descobririamos que tudo aquilo não passava de uma falha do sistema, que nunca ocorrera antes. Tudo é possível e no meu caso é bem possível! No aguardo do resultado, eu já estava praticamente ao lado da funcionária, do outro lado do balcão. Quem será? Como isso pode acontecer? Confabulávamos, nós duas - naquela forma de viver os fatos que difere, enormemente, as mulheres dos homens, em situações como essa - enquanto girava na tela do computador aquele sinal de "carregando". Eu já fantasiava. Será que clonaram meu CPF? Um estelionatário! Carregou. Resultado na tela! Nem que se esforce você poderá acertar. Comecei a rir. Ela, com ares de espanto, com cara de quem havia descoberto o criminoso, leu em voz alta: "fulano de tal", você conhece?". Mooointoooo. Ele é meu pai. Meu próprio pai clonou meu CPF. Estava ali, diante dos olhos, o nome dele, o nome da minha já falecida avó paterna, praticamente os nomes de todos os meus ancestrais mais próximos. Contra os fatos não há argumentos! Durante o processo, que seria simples e rápido em casos de pessoas normais, já havia transcorrido uns sessenta e mais alguns minutos, boa parte deles embalados pelo toque polifônico do meu celular e com os berros do manguito rotator, que estava no carro e conforme ele, estava cozinhando. Não dei muita conversa, apenas disse: "sai daí se não vai assar, você não acreditaria se eu contasse pelo telefone o que está acontecendo". Pi,pi,pi, pi.. Desligou sem anunciar com o tchau, quiçá com o beijo e os votos de boa sorte e tudo acabrá bem, meu bem! Aproveitando que estava com o celular em mãos,liguei para o meu pai a fim de contar as novidades. E sentir, da parte dele, um pouco de compaixão, já que o manguito rotator não funciona pra essas coisas. Ele nem ficou tão perplexo e nem demostrou compaixão nenhuma, apenas me informou que isso já havia acontecido. O seu irmão, meu tio, foi abrir uma nova conta num banco e o CPF dele tinha a mesma numeração que o do meu pai... que o meu... que do meu tio... afinal, de quem é o CPF? Bem, parece que foi uma conspiração familiar contra o Murphy na outra vida! Resumindo a ópera: terei que esperar alguns dias, até que o DETRAN solucione o enigma. Perguntei, de atrevida que sou, quantos seriam os "alguns dias". A moça simpática não tinha a menor idéia. Peguei a bolsa, os documentos, inclusive o CPF que até então eu poderia jurar que me pertencia e fui saindo. Pensei, seriamente, em avisar à autoridade azul da prefeitura, que estava no local, sobre a minha situação. Anotaria o nome e o telefone da tal autoridade, já precavida de que fatalmente um de seus colegas, deverá me parar no trânsito, durante uma blitz e constatar que meu documento de habilitação está vencido para então me multar, e isso, exatamente um dia depois do prazo máximo para eu dirigir com carteira de motorista vencida. Com os dados da autoridade azul eu faria dele meu álibi! Pensei, mas não realizei. Deixa assim. Vou pra igreja, acendo uma vela para Murphy, na esperança de que o 0, 000000001% da chance do DETRAN dar conta do meu caso, em tempo hábil, aconteça. Murphy, "jaz não mais aqui"mas, minha esperança continua viva e valente!
2 comentários:
Bom, pra comecar, a menina digitava devagar pois estava nervosa que voce estava colada no balcao e nao deixava ela em paz. Muitas pessoas nao conseguem se coordedar sob pressao...
"e fui ditando cada número pra que fossem comparados com os da digitação", tirou a guria pra retardada neh. hahahahaha
"Eu já fantasiava. Será que clonaram meu CPF? Um estelionatário! Carregou. Resultado na tela!" Por um momento, pensei que fosse eu, juro! Pq eu era a amante do Edward Murphy, serio. rs
Adorei o mooooooointoooo, imaginei voce falando. hahahaha
Ta, Fe, boa sorte... vamos rezar juntar pelo nosso Murphy. rs
Bom Fê, sinto muito te dizer mas em alguns momentos acho que também tive um "rolo" com o Murphy. Em algumas situações tudo que nao deveria acontecer, acontece...
Obs. Adoro tudo o que vc escreve!
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