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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Isso é real?


Fiz uma relação com o ( meu ) texto abaixo, mas não sei explicar com minhas palavras. Então aproveito um poema, assinado por Francis Ponge e traduzido pelo encanto que é Ferreira Gullar, chama-se "A Borboleta..." e tem tudo do que eu queria e poderia dizer... se soubesse como ...
"Quando o açúcar elaborado nos talos surge no fundo das flores, como em xícaras mal lavadas um grande esforço se produz em terra donde as borboletas imediatamente levantam vôo. Mas como cada lagarta teve a cabeça vendada e enegrecida, e o torso definhado pela verdadeira explosão de onde as asas simetricamente flamejam...A partir de então a borboleta errática não pousa mais a não ser ao acaso de seu vôo ou quase isso.Mecha volante, sua chama não é contagiosa. E aliás, ela chega demasiado tarde e apenas pode constatar as flores abertas. Não importa: comportando-se com um acendedorde lâmpadas, verifica a provisão de óleo de cada uma. Ela posa no alto das flores com os trapos desajeitados que carrega e se vinga assim da longa humilhação amorfa de lagarta ao pé dos talos. Minúsculo veleiro dos ares maltratado pelo vento como pétala supérflua, ela vagabundeia pelo jardim." Chorei!

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